Segundo a análise do jornalista Cláudio Gans, Maurício Cardoso, “meio sangue de sergipano pelo pai e meio sangue de gaúcho, pela mãe, refletiram-se as duas correntes de sua formação física e moral”. A calma, a reserva e as desconfianças do quase índio – em uma; e as impetuosidades bruscas da outra, do homem do Sul, com origens espanholas, ainda próximas, a tumultuar nas veias, mas logo dominadas nele, filho de magistrado e professor, pelo estudo e pela cultura.
É interessante saber quais foram os formadores básicos dos conhecimentos fundamentais de Maurício Cardoso, possibilitando-lhe ingressar aos 15 anos, nos cursos da Faculdade livre de Direito de Porto Alegre, para as ultimá-los cinco anos após, como o primeiro aluno laureado desse histórico estabelecimento de ensino superior. Formou-se aos 20 anos de idade.
Iniciou seus estudos em Rio Pardo, quando o pai exercia o Juizado de Direito da comarca. Como primeira mestra teve a venerando e virtuosa professora Calinda Amorim Barroso.
Maurício foi a figura acadêmica que a todos sobrepujava, e em que se juntavam uma esplêndida inteligência e uma espantosa sede de saber. Ainda estudante, já podia considerá-lo um jurista, capaz de adiantar-se a muitos titulados.
Maurício, que herdara do pai as mesmas convicções políticas, ingressou de corpo e alma na política. Transformou-se de moço ‘chucro’ e reservado em orador fluente, articulista culto e conselheiro sempre ouvido.
“Maurício pensava e agia como dizia, e dizia e fazia o que pensava, com intransigência, às vezes com aspereza, mas sempre com comovente humanitarismo. Assim nunca cessou de ser a negação do político acomodado, flexível e incolor. Isso talvez explique muitas de suas atitudes, que o público aceitava como boas, pela fé no seu caráter impoluto”, texto de João Neves.
Maurício Cardoso casou-se com Maria Matos Guimarães em maio de 1913. Tiveram os filhos Élia, Aquiléia, Mathusalem Neto.
Faleceu em 22 de maio em um desastre. O hidro-avião Guaracy da Condor tentava decolar na Baía de Santos, depois de ali abastecer-se, submergiu no oceano, em rápidos minutos.
Como homenagem seu nome foi dado a uma parte da rodovia do perímetro urbano de Montenegro.
Fonte: Jornal Ibiá (Editora Ibiá Ltda.) - Especial Personagem da Rua
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