Lendas e Histórias Montenegrinas: A Toca da Onça



Existe, no Morro São João, uma grande rocha que se sobrepõe a outra, formando uma cavidade  ou pequena caverna , conhecida por todos os montenegrinos, como Toca da Onça.
Contam os antigos que o local teve esse nome, porque ali costumava abrigar-se uma grande onça pintada que mais tarde foi abatida por caçadores e antigos moradores de nossa cidade.
Outros afirmam que a tal onça  fugiu de um circo e se refugiou no morro, escondendo-se na referida toca.
Há quem afirme ter a onça desaparecido misteriosamente. “Os homens a procuraram dias e noites seguidas” – dizem – “mas ninguém a encontrou jamais”.
Relatam que, à noite, brilha uma luz nessa caverna e contam, ainda, que lá existia uma fonte, que agora secou. 
Afirmam, também, que na época em que os missionários jesuítas estiveram por aqui, subiram o Morro São João e estiveram na referida toca. Construíram uma estátua com todas as riquezas que possuíam e a esconderam, no interior dessa gruta. Em seguida, fecharam a entrada e abandonaram o local.
Conta-se, outrossim, que certo dia um índio foi até a Toca da Onça. Chegando lá, avistou uma assombração.
Algumas pessoas, ainda dizem que ao se penetrar nessa toca, ou seja, aprofundando-se nela, falta-nos ar, ocasionando a morte aos curiosos, pois, segundo afirmam, essa cavidade não tem saída.
Ao concluirmos esta tarefa, deparamo-nos com uma certeza: a – tradição oral que enfeixa o incrível dom de contar histórias e que se fortalece na imaginação das pessoas é algo muito difícil de ser delimitado. Uma estória contada de geração em geração nunca é uma estória definitiva e acabada. Sempre lhe serão reunidas novas circunstâncias, e as ações estarão sujeitas ao sortilégio de coloridos diferentes.
E, se velhas narrações são mantidas ou reavivadas, ocorrências mais recentes originam relatos que, aos poucos serão conhecidos pela comunidade e passam, dessa maneira, a fazer parte do acervo cultural.
Assim, colocado, nosso trabalho a respeito das lendas de Montenegro fica incompleto. Organizamos o material colhido, omitindo a preocupação  de esgotarmos o assunto, pois compreendemos que contar histórias é uma Arte e, como tal, algo sútil que transcende as limitações da realidade. Contar histórias é ter uma visão intuitiva do mundo.
Por certo, muito mais haverá para ser escrito sobre o assunto, uma vez que a fantasia não respeita nem as barreiras da lógica, nem as fronteiras do tempo.

Por Talia Teresinha Frank, registrado na obra "Montenegro de Ontem e de Hoje"

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insira seu comentário

Total de visualizações