Lendas e Histórias Montenegrinas: O caso do Morro da Mariazinha



Os antigos residentes de Montenegro contam a seguinte história a respeito do Morro da Mariazinha, tentando explicar estranhos fatos que ali ocorreram: 

Há muitos anos passados, alguns padres jesuítas tiveram que fugir de perseguições. Embarcaram em suas canoas e seguiram o curso dos rios, chegando, dessa forma, até as proximidades da atual cidade de Montenegro. 
Pelo rio Caí, aproximaram-se do Morro da Mariazinha. Junto desse morro, desembarcaram e procuraram um refúgio. Escavaram uma caverna ali existente, e essa gruta, dentro do morro, servia, não só como morada, mas também como capela de suas orações. 
Para esse local, transportaram uma valiosa carga que haviam trazido: grande tesouro que deveria servir para a construção de uma igreja. Dissimularam bem a entrada da gruta, a fim de estarem protegidos. 
Como tivessem gostado deste vale e sentindo-se seguros, resolveram ficar por aqui mesmo, para catequizar os índios desta região. 
Nas pedras desse morro, fizeram inscrições e revestiram com o ouro que haviam trazido, a “capela” da gruta. O resto do tesouro foi escondido. Viveram, dessa maneira, em boa paz, por algum tempo... 
Então, os jesuítas tiveram  de abandonar esse local. Provavelmente, seus antigos perseguidores os haviam descoberto. Imagina-se que tenham saído às pressas, deixando a gruta enfeitada de ouro. Não se sabe o que aconteceu com os jesuítas. Mas, dizem que o tesouro ainda não foi encontrado. 
Há quem diga que na subida do morro há uma porta esculpida numa pedra, do tipo romano, e que próximo à porta existe um grande tronco onde é a morada de um casal de cobras venenosas que protege a entrada da gruta. 
Segundo a história, quem conseguir matar as cobras, terá oportunidade de se apossar do tesouro. Mas a pessoa terá que ir sozinha. E, até hoje, não houve quem o conseguisse fazer. 
Contam uns que aqueles que já o tentaram fazer, não foram bem sucedidos: estranhos ruídos, vozes de animais, gemidos, afugentam os mais audazes, que ficam tomados de grande medo, dizendo que o local é assombrado.
Outros afirmam que não se pode entrar na caverna devido à escuridão e que se a pessoa for tentada a acender alguma tocha ou vela, esta se apagará, e que um vento forte sopra na hora de aparecer a luz. 
E outros detalhes mais são repetidos pelo povo... Como é costume dizer que os antigos guardavam seus tesouros entre as rochas dos mortos, quem quiser constatar a existência desse tesouro é só dirigir-se ao Morro da Mariazinha... e começar a exploração.

Por Talia Teresinha Frank, registrado na obra "Montenegro de Ontem e de Hoje"

NOTA:
A HISTÓRIA DO MORRO DA MARIAZINHA e A HISTÓRIA DO TESOURO DO RIO – Parece que tenham sido originárias, não apenas de um fato acontecido numa mesma época e local, mas ainda parece provável que sejam atualmente duas versões de uma mesma ocorrência, ou se quisermos duas estórias nascidas de uma mesma fonte. Embora alguns  entrevistados não individualizasse, a existência da gruta enfeitada de ouro, nas encostas do morro, e o cofre ou caixa, presa na corrente e mergulhada no rio, e apresentassem as duas realidades no mesmo relato, pela seqüência das narrativas e por narrativas onde os dois focos constituíam nitidamente duas estórias, preferimos considerá-los como dois relatos diferentes, pois unicamente demos forma ao material colhido, sem lhe tirar a essência  e sem julgarmos. Preferimos, então, crer que o povo tenha feito duas histórias, não importando que a origem delas seja imprecisa.
Encontramos,também, outra referência a dois imigrantes alemãs que teriam encontrado um raro baú, no alto do Morro da Mariazinha. Sobre o baú – dizem – estava pousado um pássaro negro. Um dos homens havia subido primeiro e, quando o outro alcançou o topo do morro, somente viu o amigo que rolara para o rio. Ao afundar nas águas, borbulhas de sangue se fizeram notar. E o outro homem jamais foi visto, não se encontrando explicação para o desaparecimento de ambos.



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