Recontando a história: Os bugres de nossa região (por Ernesto Arno Lauer) - Parte 2


“Relativamente a este município, podemos documentar também o seguinte sobre os bugres, constante do registro de officios do 1º suplente em exercício do Delegado de Polícia, do município de Triumpho, em 1847, sr. João Antonio Correa:
Ilmº Snr. Neste momento me foi communicado pelo Sr. Sub-delegado e Polícia do 1º districto desta villa, por participação que teve do inspector do 6º Quarteirão do 1º Destrº João Vieira de Araújo, que no dia 6 do corr°, foi atacada pelos BUGRES a Caza de Augusto Francez, no Maratá, resultando matarem um pardo e levarem com sigo uma China de nome Maria Rita, com 2 filhos pequenos; por isso cumpre q. V.S. desenvolvendo a sua bem conhecida activid° e energia aprol do bem Público e as ordens q. do Exmo. Governo Provincial lhe tem sido transmitidas a semelhante respeito, se esforçará em perseguir esses Selvagens a ver se conseguir punir a sua barbarid°, e resgatar aquelas infelizes criaturas que elles conduzem”.
Correspondência encaminhada pelo Tenente Antonio Franco, em 07 de janeiro de 1847, ao Delegado de Polícia da Vila de Triunfo, inserta na Monografia de José Candido de Campos Netto, página 85 da obra. Ao fazer a transcrição supra, preconizou-se mostrar a situação então vigente em nossa terra, em relação aos indígenas.
Os primitivos habitantes de Pindorama, como os índios chamavam a terra brasileira, vieram em três grandes correntes migratórias partindo da Ásia. A maioria das tribos brasileiras descende da primeira delas, conhecida como os “Primeiros Americanos”. As outras duas levas se limitaram à América do Norte.
Quando as ondas migratórias ocorreram, o Estreito de Bering, entre a Ásia e a América, estava congelado, e serviu como ponte entre os dois continentes. Uma simples ilustração para dar conta de como os BUGRES aqui chegaram. Eles vieram descendo, até a Terra do Fogo e então seguiram ao oeste, para dar com os costados na promissora terra “brasiliensis”.
Os tapuias (entre eles os Ibiraiaras) ocupavam boa parte do nosso litoral, especialmente para o lado sul. Ao tempo de 1500, os descobridores defrontaram-se com índios da etnia tupi, o que vale dizer que estes, vindos de uma leva posterior, mas da mesma corrente migratória, expulsaram os Ibiraiaras, confinando-os ao interior. Os tupis eram mais numerosos e estavam em estágio de civilização mais adiantado; eram mais poderosos.
Estes índios, repelidos para o centro, onde as condições de vida eram mais difíceis, com clima mais áspero, com menos abundância de animais para a caça e menor abundância de peixes, regrediram ainda mais em grau de cultura e poderio.
Dentre os da etnia jês-tapuias, descendentes do troco macro-jê, encontram-se os caingangues, índios que habitavam a Colônia de Santa Maria do Mundo Novo: foi uma colônia destinada à colonização, compreendendo o território dos atuais municípios de Igrejinha, Taquara e Três Coroas. Houve o rapto de uma criança por parte destes índios, fato que foi relatado em livro, com edição no acervo da nossa biblioteca. A história será contada na próxima coluna.

Fonte: Facebook e Coluna no Jornal O Progresso de 17 de novembro de 2017.



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